Neste último feriado nossa família assistiu a segunda aventura das Crônicas de Nárnia - Príncipe Caspian, uma grande produção como a primeira, por isto recomendo a todos. As Crônicas de Nárnia são escritos do dramaturgo inglês C. S. Lewis, protestante anglicano, que chegou a Cristo após ter sido resgatado do ceticismo e profunda incredulidade que atingia sua geração. Estas Crônicas retratam em vivas alegorias os conceitos básicos do cristianismo, comunicando-o eficientemente aos nossos tempos.
Nas Crônicas de Nárnia, nenhum movimento ou diálogo é sem propósito. A simbologia utilizada para retratar a mensagem bíblica é rica
A teologia madura expressa por C. S. Lewis pode ser vista no todo da narrativa, mas alguns pontos foram especialmente instrutivos: o primeiro quando a pequena princesa foi chamada para seguir por um despenhadeiro apesar de não haver ponte ou outro aparente caminho. Depois de uma tentativa frustrada de fazer um percurso humanamente mais seguro, mas que não resultou em qualquer proveito, os jovens cedem 'por fé' ao chamado do leão e vêem surgir diante de seus olhos um caminho novo, melhor e mais seguro (Leia Hebreus 11.1-3).
Outro momento importante foi a assembléia dos bichos em meio à densa floresta. No meio da conturbação e desejo de encontrar um rumo para suas vidas, os bichos entendem que só tiveram paz quando um filho de Adão reinava sobre eles. Esta é uma forte declaração do domínio do homem sobre a criação, quando ele a governa para a glória do Criador (Gênesis 1.26,27; Salmo 8; Romanos 8.19-23). Apesar da preocupação atual com a ecologia, ainda duvidamos que o shalom possa ser recuperado e nos espantamos como o castor: "Voltará a paz? Paz verdadeira?"
Para não me alongar, indico um último detalhe: entre os 4 meninos que se destacam na narrativa, os 2 mais velhos já vão se tornando céticos, agindo como adultos, e começam a duvidar das promessas, do retorno e da presença constante do leão, embora só fosse visto pela pequenina irmã. Esta é uma séria advertência para os que agem sem a fé própria das crianças (Mateus 18.3 e 19.14). Ao final da história, ambos sabem que não retornarão àquele reino para viverem novas aventuras, pois haviam se tornado 'adultos'.
É bom lembrar que toda analogia é falha e limitada, pois não consegue nos transmitir toda a beleza e seriedade das verdades que tenta transmitir. É necessário muito cuidado para separar o símbolo da coisa simbolizada. Nárnia é símbolo, a Nova Jerusalém é a coisa simbolizada, esta sim, mais gloriosa e totalmente verdadeira. O leão não é uma representação perfeita do Senhor Jesus. Os símbolos não são toda a realidade, mas nos fazem lembrar que ela existe, de outra forma, noutro lugar.
Discussões sérias como esta levaram C. S. Lewis, ainda incrédulo, a debater muitas vezes com seu amigo católico-romano R. R. Tolkien (romancista autor da saga O Senhor dos Anéis) sobre o valor dos símbolos na compreensão cristã da realidade vivida. Apesar de sua incredulidade, própria dos europeus que viveram as angústias da guerra mundial, Lewis rende-se ao Evangelho do Senhor Jesus reconhecendo que a realidade criada em que vivemos é uma leve sombra da realidade maior que ela simboliza e que só experimentam os que crêem.
"A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus,
a saber, aos que crêem no seu nome" (João 1.12)
Rev. Gilmar Araújo Gomes
Em Cristo, seu conservo.
3 comentários:
MUITO VALIDA A POSTAGEM, CREIO QUE EM UM MUNDO CHEIO DE SIMBOLISMO PAGÃO DEVEMOS NOS CONTRAPOR COM IDÉIAS E MENSAGENS VERDADEIRAS AINDA QUE REVESTIDAS DE ADEREÇOS E FANTASIAS. MEUS PARABÉNS !
Querido rev. Gilmar
No processo de humanização, sempre recorremos ao simbólico - e a própria Bíblia está cheia deles.
C.S. Lewis conseguiu apresentar uma bela parábola que ensina a todos, principalmente à crianças, alguns valores do Reino de Deus. Creio que o Senhor aprovaria esta empreitada.
Seria bom se nossas igrejas se tornassem menos sisudas e inserissem algo de lúdico em suas práticas e liturgias.
Quando a interpretação de Narnia, compartilho-a perfeitamente.
Um abraço.
CLEBER GOMES DISSE :
Muito bem, continua assim as igrejas em geral são aversas as novidades é mais do que na hora de acabar com aversão as coisas ditas estranhas a religião além do que voçê fez o que nos pedagogos fazemos muito bem a contextualização do ensino trazer a realidade para de dentro da instiuição por vez ou outra as instituição estão mais por fora da comunidade do dentro dela e isso infere uma nova explicação pois quando ela se adaptar ao meio não tem a proposta de modificar a realidade que vive e se torna um mero joguete para comunidade, se tornando uma valvula de escape para onde as pessoas costuma ir sem nenhum objetivo como se fosse uma casa de espetaculo.
Continue sempre assim em sintonia com o mundo.
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