Leia Provébios 30.7-9 que transcrevo e reflita em seus termos.
7 Duas coisas te peço; não mas negues, antes que eu morra: 8 afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; 9 para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus.
Esta é uma passagem que registra a prática da ética relativa. Nela, Agur dirige-se a Deus num tom de suposta piedade e roga a Ele uma série de benefícios para seu bem-estar na vida e, em ‘troca’, oferece a Deus o compromisso de ser uma pessoa ‘bem comportada’. Isto é uma ética relativa, um compromisso cheio de condicionantes, ou seja, ‘só serei fiel se receber isto ou aquilo.’ Agur, como homem e pecador, tratou Deus como um seu igual (Salmo 50.21).
Recentemente, a política de nosso país mostrou-nos mais um exemplo de sua ética relativa. Dizendo lutar ‘pelo povo’, os líderes dos grandes partidos ameaçavam o Governo Federal de aumentar o valor do salário mínimo, prejudicando o orçamento já estabelecido. O povo ficou de cobaia, sendo refém da manobra de ameaça na luta por mais cargos públicos. Perguntamos: se já era possível ter aumentado o salário, por que não brigaram por nós antes de seus interesses estarem em jogo? Respondemos: a ética relativa foi usada; afinal, se os políticos fossem satisfeitos eles seriam ‘bons moços’ comportadinhos.
Antes de ficarmos indignados com os ímpios que fazem a política de nosso país, consideremos a prática dos piedosos na igreja: quantas vezes nós também agimos com ética relativa na igreja de Deus? Perceba como fazemos nossas orações: se Deus atender nossos pedidos seremos ‘bons moços’ comportados! Se o irmão não me repreender em meu pecado, eu não brigo com ele. Enquanto o pastor não me exortar, não diminuo minha consideração por ele. Se eu trouxer o dízimo, Deus será obrigado a me abençoar (Malaquias 3.10). Responda sinceramente: Será que temos agido na igreja motivados por interesses próprios, talvez pela nossa vaidade ou carência de elogios humanos? Quantas de nossas ações são livres de barganha com Deus e com os homens? Fazemos para Deus ou para preencher relatórios? etc., etc. E assim vivemos o dia-a-dia de nossa ética relativa.
O fato de lermos na Bíblia as intenções do coração de Agur não significa que Deus tenha aprovado essas suas petições. Está registrado para nosso conhecimento e aprendizado mas, pelo Espírito que inspirou esta Palavra, entendemos quão errada era sua prática de vida, expressando uma ética relativa. A Bíblia, Palavra de Deus sem erros e sem falha, expõe os pensamentos do coração (Salmo 19.11-14; 2Tm 3.16,17; Hb 4.12), e nos corrige para nosso bem. Por isto, lá estão registrados esses pedidos como um espelho da nossa própria alma para nossa consideração e quebrantamento.
Meus irmãos, somos todos humanos, somos todos pecadores e nosso coração precisa sempre ser santificado pelo Espírito que habita em nós. Consultemos nosso coração à luz da Palavra de Deus, avaliemos nossos gestos, nossas palavras, nossos pensamentos e nossas intenções. Reformemos nossas vidas e então deixemos de barganhar com Deus e de manipular os homens por meio de uma ética relativa, mas passemos a viver uma ética absoluta, ou seja, uma ética verdadeiramente cristã.
Rev. Gilmar Araújo Gomes
Conservo em Cristo
Transcrito no boletim da Igreja Presbiteriana de Simão Dias, do dia 19-janeiro-2011.
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